quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Os Fuentes - Parte II

Os gritos e socos na porta eram da Sra. Rosa Inês Castillo, a governanta da casa que há anos servia fielmente o Dr. Fuentes. Ela havia ajudado na criação dos dois filhos de Henrique: Cristóban e Ernesto, principalmente quando Maria Lucia (genitora dos meninos) caiu doente em decorrência da leucemia. Rosa era carinhosamente chamada de Dinda pelas crianças.

Maria Lucia era uma mulher linda e esguia. Tinha longos cabelos escuros, sorriso vivo e grandes olhos azuis que encantavam a todos. Henrique costumava dizer que os olhos dela sorriam. A doença levou embora a sua beleza, mas não o constante brilho no olhar. Ela era uma mulher de grande coração, esposa devotada e mãe presente. Conheceu Henrique na faculdade, namoraram e depois de 1 ano ela engravidou de Cristóban. Ele certamente não a amava, pois vivia mantendo relações secretas com outras mulheres, mas Maria Lucia amava Henrique ao ponto de abrir mão de sua independência para se casar e se tornar dona-de-casa.

Além dos filhos e do marido, Maria Lucia se dedicava às causas sociais e, sem o marido saber, ajudava as pessoas que ele havia prejudicado de uma forma ou de outra. Era um trabalho anônimo e árduo e com apenas 9 anos de idade Cristóban era quem mais a ajudava. Ernesto era ainda muito pequeno e ficava aos cuidados de Rosa.

Ernesto herdara os belos olhos da mãe, mas tinha o gênio do pai e desde pequeno notava-se a sua tendência narcisista e hipócrita. Cristóban herdou a bondade e o brilho de sua mãe, era certamente uma pessoa iluminada e sempre se rebelou contra a maneira grosseira e rude de seu pai. Ele não entendia a obsessão do seu genitor em juntar cada vez mais dinheiro e repudiava o fato dele passar por cima de quem estivesse em seu caminho.

Quando Maria Lucia descobriu a doença, encarregou o filho mais velho de dar continuidade ao auxílio que eles realizavam em prol dos necessitados. A mulher era uma lutadora e resistiu até onde pode, mas completamente exaurida depois de tantas tentativas frustradas, acabou por falecer um ano e meio depois: Cristóban tinha 12 anos e Ernesto completara 8 anos.

Vendo que não obtinha nenhuma resposta do Dr. Henrique – depois de tantos socos e gritos diante da porta do escritório – Rosa resolveu ligar para Ernesto, mas não conseguiu fazer contato.

– Aquele moleque deve estar dormindo na casa de alguma vagabunda. Não tem jeito, a vida dele é torrar o dinheiro do pai. Falou baixinho com o telefone ainda na mão.

Pensou em ligar para Cristóban, mas pai e filho não se falavam há alguns anos – desde que ele havia se formado em Medicina e o pai descobrira que o filho usava o dinheiro do patrimônio dos Fuentes para manter uma clínica médica gratuita. Rosa pensou, e pensou... “Preciso ligar, não tem outro jeito”, e ligou.

2 comentários:

Inaeh disse...

hum... tinha que ser médico
sempre assim....

um bozinho e outro malzinho

preconceito

Mariana Esteves disse...

Ernesto baladeiro.

Eu acho que o Henrique não atende a porta porque ele morreu.
Mãããs.
Amanhã eu vejo o porque né, Daniel? ¬¬
AHiuahIUAHuiaHIA

beeeeijo