terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Os Fuentes - Parte VI

Quando Rosa ia dar continuidade à conversa, o telefone tocou no corredor. Ela pediu licença e foi atender:

– Pronto?! Sim, é daqui mesmo...


Cristóban que havia se levantado para dirigir-se até o corredor viu a expressão de pavor no rosto de Rosa assim que ela desligou o telefone.

– O que foi, Dinda? Aconteceu alguma coisa?
– Seu irmão, ele está internada num hospital no centro da cidade. Rápido, vamos pegar o carro e ir até lá!

No caminho Cristóban aproveitou para perguntar a respeito do irmão, Ernesto:

– Dinda, e o Ernesto? A senhora sempre desconversava quando eu perguntava dele nas minhas ligações.
– Desculpe meu filho, o seu irmão não anda nada bem. Dois anos depois de você ir embora descobrimos que ele estava se drogando. O seu pai chegou a mandá-lo para algumas clínicas de recuperação, mas ele sempre fugia.

Cristóban não conseguia acreditar em tudo aquilo que estava acontecendo. Era muita informação pra uma mesma manhã. Ele se perguntava como as coisas chegaram aquele ponto, porque tudo aquilo estava acontecendo.

– Por que a senhora nunca me contou essas coisas?
– E como eu contaria? De nada adiantaria você vir como um louco da África para cá, além do que o Dr. Henrique não queria que você soubesse.
– Não é justo, Dinda! Não é justo! Falou ainda muito aborrecido enquanto se aproximavam do hospital.

Chegando ao prédio principal do hospital, Rosa apontou para um médico que os aguardava na recepção e apresentou Cristóban ao Dr. Roberto Lopez Herrera: filho de pais mexicanos, nascido em San José na Califórnia e com idade próxima a de seu pai. Formou-se em medicina e concluiu seus estudos em cardiologia nos Estados Unidos antes de se mudar para o México e seguir carreira.

– Bom dia, Dr. Roberto!
– Bom dia, Rosa. Como você está?
– Bem, obrigada! Esse é Cristóban, filho do Dr. Henrique Fuentes...
– Olá Cristóban! Ouvi falar muito de você, rapaz. Soube que é meu colega de profissão.
– Sim, eu sou. Cristóban estava nervoso e limitava-se a falar apenas o necessário.

Uma pausa e Cristóban perguntou:

– Como está o meu irmão? O que ele teve?
– Calma, meu rapaz. Eu já explico tudo a vocês. Por favor, sentem-se ali. E apontou para um conjunto de sofás que ornamentavam um canto da recepção.

Nenhum comentário: