Rosa havia saído para comprar um café e Cristóban ficou sentado naquele canto. Ele olhava à sua volta e via tudo meio turvo, trêmulo... Rosa chegou com o copo de café e se deparou com o rapaz estirado no sofá, dormindo. Ela sentou ao seu lado e o chamou.
– Meu filho, eu me esqueci que você deve estar morrendo de sono.
– Estou mesmo, Dinda. Estou há mais de 24 horas acordado.
– Então vá para casa, seu quarto ainda está lá. Fiz questão de sempre mantê-lo em ordem.
– Dinda, eu agradeço, mas ainda não estou pronto para encarar o meu pai. Preciso descansar antes de fazer isso. Eu mal consigo pensar claramente.
– E para onde você vai?
– Eu ligarei para uma amiga da época da faculdade com quem mantenho contato até hoje. Acho que será melhor se eu for descansar lá.
– Amiga? Sei... E por um acaso essa “amiga” se chama Sofie?
– Sim, Dinda. É a Sofie...
– Eu sabia que só poderia ser ela. Eu conheço você muito bem! Lembro como ficava babando sempre que falava dela.
Cristóban ficou meio sem jeito e Rosa deu uma risadinha que queria dizer “Eu sei muito bem o que se passa nessa sua cabeça”. Ele ligou para Sofie que avisou ao porteiro do seu prédio que um amigo iria até lá, e
– Dinda, se alguma coisa acontecer basta ligar para este número. Eu venho assim que puder.
– Não se apresse, filho. Vocês dois tem muita coisa para conversar. E deu uma piscadinha de leve para em seguida completar: Apenas leve-me até em casa e fique com o carro.
Já tão vermelho quanto um pimentão, Cristóban balançou a cabeça concordando e levou a governanta até a casa de seu pai para depois seguir até o apartamento de Sofie.
Chegando ao prédio onde Sofie morava, Cristóban foi levado pelo porteiro até o apartamento dela. O homem foi embora e o jovem médico abriu lentamente a porta; ele sentiu o cheiro do perfume de Sofie que inundava o ar com uma fragrância suave e envolvente que o fez ter muitas recordações felizes. Fechou a porta, acendeu as luzes da sala e caminhou entre os móveis até se deparar com uma foto sua abraçado com Sofie em cima de uma mesinha. Era uma fotografia dos tempos em que ela o ajudava na clínica gratuita.
– Como eu pude deixá-la para traz sem dizer o que sentia? Falou ele em voz baixa enquanto olhava o retrato.
Muitas coisas naquele apartamento traziam a ele boas recordações e sem querer um sorriso se estampou na sua face. Pela primeira vez, desde que havia chegado ao México, ele sentia que estava realmente em casa.