Cristóban saiu da UTI e voltou para junto de Rosa. Ambos escutaram animados o Dr. Roberto falando sobre a recuperação meteórica de Ernesto. Depois de alguns minutos, ambos dirigiram-se para a saída do hospital e combinaram que voltariam no dia seguinte para uma nova visita.
Enquanto se dirigiam até o carro, Cristóban sentiu-se tentado a fazer uma pergunta para Rosa. Tinha que ser feita:
– Dinda, eu sei que talvez não seja o momento apropriado de falar sobre isso, mas quem está pagando os custos da internação do Ernesto? A senhora mesmo havia dito que meu pai está falido.
– É verdade, seu pai agora não poderia arcar com estas despesas. Seu tio, Juan Carlos, está ajudando.
– Mas desde quando o irmão de mamãe tem dinheiro pra bancar essas coisas?
– Desde quando ele acertou nos negócios. Comentou Rosa.
– Preciso agradecê-lo. Lembro que só conseguíamos vê-lo escondidos do meu pai. Meu tio tem um coração de ouro, como a minha mãe tinha.
– Ele gosta muito de você e do Ernesto, sempre gostou, e sofreu demais com a morte de sua mãe porque sabia que isso os afastaria dele. Disse Rosa enquanto segurava a mão de Cristóban.
– Farei isso, Dinda. Deixarei a senhora em casa e irei ao encontro do meu tio Juan.
E foram ambos até a residência dos Fuentes conversando animadamente durante o percurso. Percebia-se que estavam mais aliviados com a condição de Ernesto e tudo indicava que ele ficaria bem. Lembraram das traquinagens que os dois irmãos faziam quando eram crianças, subindo em árvores, escalando janelas, correndo pelo imenso gramado e jogando futebol. Maria Lucia e Rosa proporcionaram uma infância feliz para os meninos e a governanta se orgulhava disso. “Se os dois seguiram caminhos diferentes, foi a escolha que cada um fez”, pensava Rosa serenamente. Ela sabia que havia feito tudo o que podia por eles.
Depois de deixar a sua Dinda em casa e pegar o endereço do escritório do seu tio Juan Carlos, Cristóban seguiu ao seu encontro para revê-lo e agradece-lo por toda a ajuda que estava oferecendo; o endereço no papel era o de um distrito industrial nos arredores da cidade do México. O dia estava ensolarado e a temperatura agradabilíssima. Cristóban colocou um CD do The Who no CD Player do carro, abriu todas as janelas e pegou a estrada. Naquele momento, tudo o que queria era aproveitar um pouco a viagem, que demoraria por volta de uma hora e meia, e olhar um pouco para as paisagens daquele país que há tanto tempo ele havia deixado para trás.
Sem poder evitar, pensava em Sofie e no beijo que ganhou antes de deixar o seu apartamento. Ele sonhava há tempos com aquele beijo e tinha sido exatamente tudo aquilo que imaginava: – Perfeito! Disse ele baixinho. Um sorriso estampava o seu rosto que parecia estar iluminado. Cristóban não fazia idéia do que era aquilo que ele estava sentindo, mas era bom demais!
O seu telefone celular deu um toque curto, ele o abriu e notou que havia uma mensagem de Sofie que dizia: “Eu já sinto a sua falta. Quando terei outro beijo seu?”. Cristóban não conseguia conter a sua alegria, abaixou a capota do carro, aumentou o volume da música, ergueu os dois braços ao ar e deu um grito: – Uhuuuuuuuuuuu!
Um comentário:
O Cristóban tem um ótimo gosto musical... kkkkkkkk
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