sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Os Fuentes - Parte IX

Cristóban abriu um sofá-cama que ficava na sala, dispôs algumas almofadas e deitou. Apesar do cansaço, era difícil dormir com tantos problemas rondando a sua cabeça e ficava pensando como iria resolver aquilo tudo. Ele ainda ficou por uns 40 minutos rolando de um lado ao outro sem conseguir pregar os olhos; levantou-se e foi até o quarto de Sofie onde pegou um travesseiro para em seguido voltar para a sala. Quando ele colocou a cabeça no travesseiro, sentiu o cheiro dela e sem perceber um imenso sorriso apareceu em seu rosto já tão tenso. Aquilo foi o suficiente para pegar no sono e dormir profundamente.

Algumas horas mais tarde – e tendo dormido pesadamente – Cristóban sentiu uma mão muito suave afagando o seu cabelo seguido de um beijo muito quente em sua testa. Ele abriu os olhos e viu Sofie sorrindo docemente. Parecia a visão de um anjo... E que anjo! Um longo cabelo castanho cacheado, a pele clara e os olhos cor de mel mais lindos que havia visto.

– Acorda dorminhoco! Disse Sofie a Cristóban enquanto jogava uma almofada em sua cabeça.
– Você nunca me dá um tempo, né?! Vive sempre pegando no pé. Disse o rapaz ainda sonolento.
– A graça de estar com você é pegar no seu pé. Disse a moça rindo para logo em seguida completar: – O que foi que o trouxe para cá depois de tantos anos?
– É uma longa história, Sofie. Antes eu gostaria de tomar um banho.

Depois de tomar banho, Cristóban foi até a cozinha onde Sofie preparava o jantar. Sentou-se na mesa e explicou à amiga as razões que o haviam levado de volta ao México. Contou do estado de saúde e financeiro do pai e também do vício do irmão e a sua hospitalização, ele só não conseguia dizer que há algum tempo planejava o seu retorno por causa de Sofie porque não tinha coragem de fazê-lo.

– Sinto muito saber de todas essas coisas, Cristóban. Parece que você tem um problema e tanto nas mãos.
– Tenho sim, Sofie; e eu nem sei por onde começar. Mas fale-me de você... Anda namorando muito? Perguntou ele um pouco sem graça e um tanto curioso.

Percebendo a vergonha na voz do amigo, Sofie retrucou rapidamente:

– Eu estou sozinha. E por que essa pergunta, você está interessado? E deu um sorrisinho maroto.
– E... e... eu? Interessado? Não! É apenas uma pergunta, uma curiosidade... Coisas que um amigo costuma perguntar. E ficou imediatamente ruborizado com o questionamento da amiga.
– Tudo bem, Cristóban... Não precisa ficar vermelho. E riu alegremente enquanto terminava de preparar um macarrão ao molho branco. Cristóban, por outro lado, parecia olhar ao redor procurando um buraco onde pudesse enfiar a cabeça.

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