terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Os Fuentes - Parte XV

No começo da noite Cristóban chegou ao prédio onde Sofie morava. Subiu e ao sair do elevador a encontrou esperando por ele na porta do apartamento. Ela estava linda, com os cabelos soltos e o aguardando com um sorriso iluminado. Cristóban chegou mais perto e antes que alcançasse a porta ela foi em sua direção e o recebeu com um abraço seguido de um beijo demorado, que o deixou sem fôlego. Eles se olharam ternamente e seguiram para dentro do apartamento. Sofie preparou um jantar romântico, dançaram, conversaram e se amaram a noite inteira. Há tempos eles esperavam por aquele momento que foi mágico para ambos – era tudo o que eles desejavam.

No dia seguinte Cristóban serviu o café de Sofie na cama e em seguida foi direto até a casa de seu pai para buscar Rosa. Logo pela manhã ele recebeu um telefonema entusiasmado da governanta que não quis dar maiores detalhes. Já no carro, a caminho do hospital, Rosa disse emocionada:

– O Dr. Roberto ligou e disse que seu irmão havia aberto os olhos e chamou por você.
– Ele chamou por mim? Mas ele nem sabe que eu estou aqui...
– É verdade, ele não sabe. Mas era um habitual o Ernesto chamar por você à noite, enquanto dormia. Comentou Rosa.
– Por que nunca me disse isso, Dinda?
– Eu disse certa vez, mas você estava tão transtornado que nem prestou atenção. Respondeu a governanta.

Cristóban sentiu-se triste porque ele tinha um imenso amor pelo irmão, então lembrou da sua conversa com o tio Juan sobre o fato de ter deixado a sua vida de lado por causa dos problemas com o seu pai. Por um momento o arrependimento doeu fundo no seu coração, mas sabia que ainda era possível recuperar a sua vida e o relacionamento com o seu irmão.

Quando chegaram ao hospital, o Dr. Roberto foi recebê-los imediatamente. Percebia-se claramente que estava otimista, ele mal conseguia disfarçar.

– Acredito que a senhora Rosa tenha dado a você a notícia que mais aguardávamos. Disse Roberto a Cristóban.
– Sim, ela me contou. Será que podemos ver o meu irmão? Perguntou Cristóban ansioso.
– Claro, ele já foi levado para um quarto particular. Está respondendo muito bem aos medicamentos, mas ainda não consegue movimentar os membros inferiores.
– Vai levar tempo, mas eu acredito que em breve ele vai voltar a andar. Disse Rosa, cheia de fé e esperança.

Os três seguiram para o quarto e Rosa, logo que a porta do quarto se abriu, disparou em direção a Ernesto. Abraçou, beijou, acariciou o seu rosto e chorou muito; ela se sentia aliviada, como se um peso fosse tirado das suas costas.

– Seu moleque! Você nos deu um susto. Nunca mais faça isso, meu filho... Você me deixou com o coração agoniado. Disse Rosa a Ernesto enquanto chorava copiosamente.
– Desculpe, Dinda. Eu sei que passei dos limites. Falou Ernesto com a voz ainda muito fraca.

Ernesto olhou por cima do ombro de Rosa e viu o irmão parado ao lado do Dr. Roberto. Ele sorriu, não conseguia acreditar que o irmão estava ali, o irmão de quem sentia tanta falta. Cristóban sentou perto da cama e segurou a mão de Ernesto e não pôde evitar as lágrimas.

– Oi meleca! Disse Ernesto enquanto sorria.
– Oi seboso! Respondeu Cristóban entre lágrimas.
– Ainda se lembra dos nossos apelidos?
– Eu jamais esqueci, meu irmão. Comentou Cristóban com a voz embargada.
– Eu sonhei com você Cristóban, sonhei que você veio me ajudar e que seríamos uma família novamente. Falou Ernesto enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
– Não era um sonho e eu realmente voltei para ajudar, mas jamais deixamos de ser uma família. Eu prometo que não me afastarei novamente e seremos como antes: o meleca e o seboso.
– Cristóban, eu notei que não consigo mexer os meus pés. Tenho medo de nunca mais voltar a andar...

Diante da agonia do irmão, Cristóban procurou explicar a situação de maneira simples dizendo que não havia nenhum trauma sério e que com o tempo ele voltaria a andar. Disse também que ficaria ao lado dele o tempo todo durante a fisioterapia e fariam exercícios juntos para a recuperação ser mais rápida.

Os dois irmãos se abraçaram e Cristóban sentia que agora faltava pouco para que as coisas ficassem em ordem. O próximo passo seria enfrentar o seu pai.

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