segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Os Fuentes - Parte XI

Cristóban saiu do prédio sentindo-se um adolescente e cultivava uma alegria que nem sabia definir. Foi até a casa de seu pai para buscar Rosa a fim de irem ao hospital encontrar com o Dr. Roberto. No meio do caminho ele cedeu à curiosidade e perguntou pelo pai:

– Dinda, como meu pai está?
– Está melhor, filho. O Dr. Roberto passou hoje de manhã em casa para medicá-lo e ele até aceitou tomar o café da manhã.
– Isso é bom! Sinal de que ele está começando a reagir.
– Espero que sim... Disse Rosa um tanto reticente enquanto olhava o movimento pela janela do automóvel.

Chegando ao hospital, Dr. Roberto recebeu os dois com uma fisionomia muito leve e era possível até notar um sorriso.

– Olá Cristóban e Rosa! Tenho boas notícias: o Ernesto está reagindo muito bem ao tratamento. A melhora no quadro dele de ontem pra hoje é impressionante, não imaginávamos tal reação nem mesmo em nossas melhores previsões.
– Graças a Deus e a minha querida Virgem de Guadalupe! Eu rezei tanto por ele... Disse Rosa entre lágrimas e muito mais aliviada.
– Isso é ótimo, doutor! Disse Cristóban eufórico. Quando o senhor acha que ele recobrará a consciência?
– Ainda é cedo para falar disso, mas com a recuperação dele eu não ficaria surpreso se fosse em breve; estamos diminuindo os sedativos com essa finalidade. A parte boa é que vocês podem vê-lo agora mesmo, mas um de cada vez.

Rosa, a pedido de Cristóban, foi primeiro. Ele sabia da agonia da governanta, do amor que ela tinha pelos dois, e considerou que aquilo seria o mais correto a fazer. Foi uma visita de 10 minutos e, ao término, era possível notar a calma nas feições de Rosa. Para Cristóban aquilo foi um sinal positivo de que o irmão estava bem.

Cristóban foi até o leito da UTI onde Ernesto estava e por um momento se deixou distrair e pensou quem estaria pagando aquela internação já que o seu pai havia falido. Considerou que no momento aquilo era irrelevante e foi para perto do irmão que ainda estava sedado. Sentou-se ao lado do leito e segurou a mão de Ernesto enquanto falava:

– Oi meu irmão. Sou eu, Cristóban. Eu voltei pra casa e agora cuidarei das coisas e também cuidarei de você. Desculpe a minha ausência, eu tentei fugir de uma situação que eu deveria ter enfrentado e acabei protelando as coisas. O pior mesmo foi ter ficado longe de você, mas prometo que não acontecerá novamente.

Comovido e feliz por estar ao lado do irmão, Cristóban deixou que rolassem algumas lágrimas. Não eram lágrimas de tristeza, mas de alegria por reencontrar Ernesto, mesmo que fosse naquela incômoda situação.

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