domingo, 10 de fevereiro de 2008

Os Fuentes - Parte XIV

Cristóban e Juan Carlos trocaram um forte abraço. Dirigiram-se para o refeitório da empresa enquanto conversavam animadamente. Cristóban contou ao seu tio todos os lugares por onde passou e as experiências que teve na Cruz Vermelha.

– Eu sempre soube cada passo seu, Cristóban. Rosa sempre me manteve informado.
– Eu tenho certeza que sim, meu tio. Disse o rapaz sorrindo.

Durante o almoço, Juan Carlos descreveu a Cristóban como conseguiu saltar de um escritório de representação comercial de autopeças, para uma fábrica de autopeças para caminhões, veículos agrícolas e náuticos. É claro que ele contou com um pouco de sorte, mas foi através do seu esforço que em dez anos aquilo tudo havia se transformado.

– Dez anos!... Sabe tio, eu nem tinha me dado conta de que tanto tempo havia passado. Comentou Cristóban.
– O tempo voa quando estamos ocupados e você nos fez muita falta. Disse Juan com um certo ar de cobrança.
– Eu sei, tio. Desculpe-me a ausência prolongada. Eu achei que estando longe...
– Não, Cristóban. Os problemas não desaparecem, apenas são deixados pra depois e agora chegou o momento de você resolvê-los.

Cristóban sabia que o seu tio tinha razão. De que adiantara ficar tanto tempo longe? Esteve longe de Rosa, do seu querido irmão Ernesto, do próprio tio Juan Carlos e, principalmente, de Sofie. Tudo isso por causa do seu pai. Agora ele tentava entender como havia deixado uma única pessoa abalar tanto a sua vida a ponto de interrompê-la durante dez anos.

– Eu deixei muita coisa para trás por causa da revolta e da mágoa. Não sei se serei capaz de recuperar a minha vida de onde parei, mas preciso tentar.
– Nada disso foi em vão, Cristóban. Você adquiriu experiência e conhecimento, está apto a trabalhar em qualquer grande hospital do México. Além disso, você se tornou uma pessoa mais ponderada, menos explosiva. Você melhorou. Disse o seu tio dando um tapinha nas suas costas.
– Obrigado por me animar, mas ainda não encontrei o meu pai e nem sei o que pode acontecer. Falou o rapaz um tanto desanimado.
– Tenha calma, tudo se ajeita! Você sabe que pode contar comigo.
– Sei sim, tio Juan. E como sei... Respondeu Cristóban um pouco mais aliviado.

Passaram a tarde toda juntos, conversando sobre inúmeras coisas. Cristóban conheceu toda a planta da fábrica e os muitos países pra onde seu tio exportava as peças ali produzidas. No final da tarde resolveu ir embora. Despediu-se do tio com um longo abraço e retornou para o carro. Cristóban ainda não se sentia preparado para encontrar o pai, então ligou para Rosa e avisou que daria um jeito de ficar em outro lugar – a sua mala já estava no carro. Ligou para Sofie:

– Oi Sofie. Posso pedir um favor? Será que aquele sofá-cama ainda está desocupado? E um imenso sorriso surgiu no seu rosto assim que obteve a resposta.

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