quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Os Fuentes - Parte XVI

Cristóban encontrou Rosa na recepção do hospital e os dois se abraçaram, um longo e emocionado abraço.

– Ele está bem, Cristóban! Eu pensei que nós o perderíamos...
– Não, Dinda. O Ernesto é forte e vai se recuperar em breve.

Os dois saíram juntos do hospital e Cristóban decidiu que já era hora de encontrar-se com o seu pai e tentar resolver de uma vez o problema entre eles. Iriam até a casa dos Fuentes e ele não adiaria mais aquela conversa.

– Dinda, hoje eu vou encontrar com o meu pai. Essa conversar não pode mais esperar.
– Vá com calma, meu filho. Não se esqueça que o seu pai é um homem doente e devo avisá-lo que todos esses problemas o deixaram um pouco desequilibrado emocionalmente.
– Tudo bem, Dinda. Eu farei de tudo para não brigarmos, mas dessa vez eu não fugirei.
– E nem deve. Eu sei que você quer voltar a conviver com o seu irmão, mas percebi a sua cara de felicidade ao chegar no hospital. Aposto que o nome dessa alegria toda é Sofie.

Cristóban ficou rubro imediatamente, ele sentia que as suas bochechas pegavam fogo de tanta vergonha, e disse:

– Eu não deveria ter fugido por muitos motivos e um deles, certamente, é a Sofie. É verdade, eu estou feliz! E riu, agora mais descontraído.
– Fico feliz por você, meu filho. Finalmente você conseguiu perceber que existem razões mais do que suficiente pra ficar aqui.

Os dois seguiram para carro e voltaram para a casa dos Fuentes. No caminho, Cristóban comentou com Rosa os seus planos para tirar Ernesto dos vícios do álcool e da cocaína. Ele conhecia uma excelente clínica de recuperação, mas precisaria da ajuda do seu tio Juan.

Ao chegar na casa, Cristóban estacionou o carro em frente a uma imensa fonte centralizada nos jardins da residência. Atravessaram uma pequena trilha feita com lajotas e entraram pela porta dos fundos.

– Você está pronto para falar com o seu pai? Perguntou Rosa.
– Só saberei quando nos encontrarmos. Onde ele está?
– Ele está no escritório dele. Essa manhã ele comeu e depois foi ler o jornal no escritório. Disse que tentaria fazer alguns contatos para reaver a fortuna, mas ninguém o atende. Às vezes ele acha que está a falar com alguém ao telefone, mas não há ninguém do outro lado da linha. Comentou Rosa um tanto angustiada.
– Isso não é nada bom, Dinda. O HIV pode provocar problemas mentais em alguns casos e se ele ainda ficou desequilibrado depois do problema financeiro...
– Você acha que esse desequilíbrio mental não é só por conta da fortuna que ele perdeu? Perguntou Rosa.
– Eu não sei, Dinda. Mas é bem provável que seja as duas coisas agindo ao mesmo tempo. Só é possível saber isso com exames mais detalhados. Respondeu Cristóban.

Os dois se olharam. Rosa foi cuidar das tarefas da casa enquanto Cristóban atravessou um longo e largo corredor até chegar num grande salão de festas. Do lado oposto havia um pequeno hall e um corredor muito curto que terminava no escritório do seu pai. Ele atravessou todo o salão, o hall e o corredor com passos decididos e nervosos. Parou em frente a uma imensa porta de madeira; colocou a mão na maçaneta e hesitou por alguns segundos, mas respirou fundo e a girou.

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