(À minha amiga Nayara Oliveira)
Cara amiga poeta, escrevo a ti esta carta
construída entre rimas e versos,
sentado em confortável cadeira de praia,
pensando na vida, um pouco disperso.
Espero que esta possa encontrar-te feliz,
rodeada da família e amados amigos,
desfrutando da alegria e espírito natalinos
entre beijos, abraços e olhares contíguos.
Bem sei que estás no interior
aproveitando a distância da agitada metrópole,
descansando a cabeça neste agradável torpor,
esquecendo as multidões e amontoados de vozes.
Aqui no litoral o calor predomina,
exceto pela fresca brisa que por vezes sopra,
o ar segue denso, morno e sereno,
e as pessoas se animam, sorriem ou choram.
Estou cercado agora pela família,
mas a felicidade ainda não é completa.
Tu sabes bem que nos corações dos poetas
o amor não enraíza ou faz morada discreta.
É certo que agora, minha amiga,
nada haveria de ser diferente
e mesmo assim descontente
felicita-me de uma roubada escapar!
A uma conclusão eu começo a chegar:
que talvez o poeta deva ser um pouco sozinho,
dividido para sempre entre a rosa e os espinhos,
onde a inspiração se faz despertar.
O que seria da poesia sem a sensibilidade
de sentir a dor da melancolia alheia,
o vazio da pungente saudade
ou a aspereza que na vida permeia?
Neste ano que se avizinha, desejo a nós dois o necessário quinhão:
um pouco de tristeza para valorizar a alegria,
um tanto de felicidade para iluminar nossos dias
4 comentários:
Tão querida, esta poesia
tão amiga...
não me canso de agradecer:
Obrigada!
"A uma conclusão eu começo a chegar:que talvez o poeta deva ser um pouco sozinho,dividido para sempre entre a rosa e os espinhos, onde a inspiração se faz despertar."
Realmente, de onde viria a inspiração se não estivesse o poeta sempre no meio termo para poder descrever com tanta exatidão tanto a tristeza quanto a alegria?
Me deliciei com essa carta, muito inspiradora... parabéns :)
não sei se já disse, mas você é realmente bom com poesias! adorei o último verso, mas algo me inquietou um pouco...
'A uma conclusão eu começo a chegar:
que talvez o poeta deva ser um pouco sozinho,
dividido para sempre entre a rosa e os espinhos, '
Será que um poeta pode ser completamente feliz, ou será que precisa dos espinhos para viver?
Às vezes desejo que não precise, mesmo que pra isso não exista mais poesia.
até.
bjo, bjo, bjo...
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