domingo, 2 de agosto de 2009

Superficialidade Emocional

Há muito tempo eu tenho pensando em uma coisa que só ultimamente começou a me incomodar, portanto achei que se fazia necessário escrever sobre ela: a superficialidade dos sentimentos.

Eu fico perplexo com a maneira como hoje são tratados os sentimentos, tanto os nossos quanto os dos outros, e isso vem acontecendo com uma freqüência realmente assustadora. Para piorar tudo: a carência emocional humana nestes tempos de frieza incontida.

É fácil perceber que em um mundo aonde o capitalismo chegou ao seu ápice, todas as atitudes se baseiam no consumismo, no modismo, no cinismo e mais uma porção de outros “ismos” que fizeram do homem apenas um coadjuvante do espetáculo e, com ele, todas as suas boas emoções. Os relacionamentos se tornaram descartáveis: hoje se está com uma pessoa, daqui a uma semana já se está com outra fazendo juras de amor eterno. Que amor? Nem mesmo se sente com a profundidade do coração, troca-se de parceiro como se troca de roupa e os sentimentos da outra pessoa ficam negligenciados, pois o imperativo é cultuar o egoísmo.

A carência emocional vem justamente dessa relação de frieza que cria lacunas sentimentais que não podem ser preenchidas. A busca desesperada por algo que a suprima acaba levando a pessoa a cometer erro atrás de erro, tornando-a emocionalmente vulnerável e mentalmente confusa. Vivemos em um mundo de pessoas carentes e confusas! Essa carência surge de qualquer relação mal feita, seja na família que não dá apoio, seja naqueles que deveriam ser amigos de verdade, seja no companheiro(a) que não quer perceber as necessidades do outro(a). Como a maioria se deixa envolver por essa sociedade superficial, as uniões se tornam gélidas e com um único objeto: satisfazer a vontade própria, o prazer.

Um dia desses uma amiga disse sobre o noivo dela (que também é meu amigo): “Eu o amo por várias razões, mas também pela pessoa que ele é”. Esse é o tipo de amor que as pessoas se esquecem de cultivar, amor verdadeiro! Por essas e por outras que eu sei que eles são felizes e que nas dificuldades o sentimento que um tem pelo outro fala mais alto, pois não é superficial e tem raízes profundas. É uma pena que hoje em dia eles sejam a exceção de uma regra que, aliás, é bem cruel.

Se parássemos de olhar um pouco para o nosso próprio umbigo, talvez fossemos capazes de perceber quanta coisa boa temos a ganhar ao tratar a todos com um pouco mais de carinho e respeito; falar olhando nos olhos aquilo que nos aflige e dar a chance para que as outras pessoas não se tornem reféns de nossas armadilhas emocionais. Manter relacionamentos baseados em laços realmente profundos e verdadeiros e, acima de tudo, não fazer ao próximo aquilo que não queremos para nós mesmos, talvez seja um bom começo para recuperar o pouco de humanidade que ainda nos resta e incentivar os demais a fazer o mesmo.

3 comentários:

Unknown disse...

*-*

123 disse...

Perfect!

=**

Vera disse...

Lamentavelmente, o que você disse é verdade. As relações de hoje são mais frágeis, menos intensas.
Culpa da correria, da superficialidade a qual somos submetidos? Isso eu não sei. O que sei é que se não fizermos algo para retomar toda intensidade que uma boa e velha amizade proporciona, perderemos uma capacidade que é só nossa: a de ser tocado pelo próximo.


Beijo.