E então se sentia livre, uma liberdade estranha
ao seu viver e ao seu momento. Sentia que o mundo poderia ser pequenino – como
quando criança –, e que todo esse mundo se resumiria em suas brincadeiras
felizes no final da tarde, quando as peladas na rua ganhavam contornos de final
de campeonato. Sentia que o mundo seria o que quisesse e que poderia guarda-lo
no bolso; assim como quando media a lua mirando-a com o seu polegar. Poderia
guardar ambos em seu bolso; e também guardaria o sol, os demais planetas e
estrelas. Teria todo um sistema solar só seu, e então seria um Deus-menino que
usaria os astros celestes como bolotas em uma partida de bolinhas de gude.
Seria livre para visitar mundos, conhecer
galáxias, e nada o prenderia ao chão, pois sentia a alma liberta das pesadas
correntes. Seu espírito depurado dançaria ao som das ondas do universo,
radiante como uma supernova.
Ao final da brincadeira, deitaria calmamente no
manto brilhante do céu e seria acalentado pela mão do Deus-pai que o embalaria
em sono profundo e reconfortante, como um anjo dormindo em macias nuvens...
A
liberdade transcendia as suas sensações materiais e tocava-lhe o coração com a
suavidade de uma brisa. Sentia-se beijado em espírito e, por um breve instante,
percebeu que era parte de algo maior, de um misterioso universo de
possibilidades infinitas.
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