quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ensaio II


E então se sentia livre, uma liberdade estranha ao seu viver e ao seu momento. Sentia que o mundo poderia ser pequenino – como quando criança –, e que todo esse mundo se resumiria em suas brincadeiras felizes no final da tarde, quando as peladas na rua ganhavam contornos de final de campeonato. Sentia que o mundo seria o que quisesse e que poderia guarda-lo no bolso; assim como quando media a lua mirando-a com o seu polegar. Poderia guardar ambos em seu bolso; e também guardaria o sol, os demais planetas e estrelas. Teria todo um sistema solar só seu, e então seria um Deus-menino que usaria os astros celestes como bolotas em uma partida de bolinhas de gude.
Seria livre para visitar mundos, conhecer galáxias, e nada o prenderia ao chão, pois sentia a alma liberta das pesadas correntes. Seu espírito depurado dançaria ao som das ondas do universo, radiante como uma supernova.
Ao final da brincadeira, deitaria calmamente no manto brilhante do céu e seria acalentado pela mão do Deus-pai que o embalaria em sono profundo e reconfortante, como um anjo dormindo em macias nuvens... 
A liberdade transcendia as suas sensações materiais e tocava-lhe o coração com a suavidade de uma brisa. Sentia-se beijado em espírito e, por um breve instante, percebeu que era parte de algo maior, de um misterioso universo de possibilidades infinitas.

Nenhum comentário: