quarta-feira, 7 de março de 2012

Reflexão Sobre a Solidão


O celular não toca mais e eu sinto certa falta. É normal. Depois de uns cinco meses o hábito se fez. Mas assim como o hábito vem, o hábito também vai. Tudo é uma questão de tempo.
Eu não me sinto mal, a vida é assim mesmo e precisa ser vivida intensamente. Os momentos vividos criam as experiências e essa bagagem traz o aprendizado. Foi bom enquanto durou.
Não haverá mais lágrimas ou tristezas, e de tudo o que passei eu prefiro guardar as lembranças alegres. Quem vive olhando o passado se esquece de viver o presente... e consequentemente não vive o futuro.
É claro que ter alguém por perto é bom quando se quer conversar, trocar carinhos, desligar-se dos problemas, mas o mundo não se resume a esse rol citado (e muitas vezes os problemas surgem quando se está com alguém). O fato é que existem momentos para se estar só e momentos para se estar acompanhado. Ambos têm suas vantagens e desvantagens ditas tantas vezes por tantas pessoas muitíssimo capacitadas, não serei eu a discorrer todas as vantagens e desvantagens, ou a fazer defesa de uma ou outra. Darei o meu simplório ponto de vista sobre o que estou vivendo.
Estar só é um momento único, porque é quando ficamos diante de nós mesmos, olhamos os nossos defeitos, as nossas limitações, e nos damos conta do quanto precisamos mudar.
Não é apenas a mudança que é difícil, mas a percepção de que se precisa mudar também o é. Perceber o quanto estamos errados em nossas atitudes e pensamentos é algo que vai de encontro com o orgulho próprio, com aquela sensação de “eu não preciso mudar, estou bem desse jeito”. Será mesmo? Certas coisas precisam necessariamente de mudanças, não há como fugir. A lei do progresso é inexorável e melhor faz quem não espera que ela exija que nos mexamos. No entanto, isso exige um tanto de renúncia e de humildade que muitos de nós não estamos prontos a oferecer.
Ficar só, ainda assim, é necessário. Mesmo que muitos fujam dessa situação pulando de um relacionamento para outro. Não há nada como se conhecer, é a melhor maneira para aprender a se amar. Certa vez alguém me disse que o nosso primeiro amor é o amor próprio, e assim estar bem consigo mesmo para só então pensar em sentir-se bem com outra pessoa passa a fazer todo o sentido.
Parece brincadeira, mas há tanto tempo eu não escrevo e, quando o faço, é inevitável que o meu texto transborde um ar melancólico. Confesso que às vezes eu prefiro as coisas, como já dizia Mario Quintana em um trecho de seu poema De Gramática e de Linguagem: 

E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
[...]

Um comentário:

Frida disse...

Oi Daniel, também estou passando por essa fase na vida. Depois de um casamento de 25 anos, que acabou. A vida continuou, conheci outra pessoa maravilhosa que me ligava todos os dias e ela morreu há pouco tempo. O telefone não toca mais, e ás vezes sinto a vida vazia, estou sozinha novamente e isso me deixa pensativa. Mas como na vida tudo passa, até os amores. Dias melhores virão. A solidão passa, tem também seu lado bom. Continue escrevendo. Beijos Frida.
quando quiser passe pelo meu blog.