quarta-feira, 9 de julho de 2008

Os Fuentes - Parte XVIII

Poucos minutos após o estrondo, Rosa chegou ofegante até a porta do escritório e a cena que presenciou a fez gelar de pavor. Notou que Cristóban estava caído com a mão sobre o abdome e a sua camisa estava toda manchada de sangue. Tentou gritar, mas a voz não saía. Olhou para o lado e viu Henrique atônito, perdido, com um revólver na mão.

– O que o senhor fez? Perguntou Rosa em um balbuciar meio espremido.

Rosa correu para o telefone e ligou para o serviço de emergência. Em seguida, e ainda tremendo, arrancou um pedaço da cortina e a segurou sobre o ferimento de Cristóban na tentativa de estancar o sangue. Olhava para o Dr. Henrique sem entender direito o que havia acontecido e tudo o que via era um homem confuso, falando sozinho e completamente alterado. Rosa olhou fixamente para ele e perguntou:

– Por que fez isso?
– Isso? O quê? Respondeu Henrique um tanto confuso.
– Não viu o que o senhor fez? Atirou no próprio filho! Gritou Rosa aos prantos.

Henrique olhou para o corpo de Cristóban esticado sobre um tapete e tomou um susto. Olhou para a sua mão e viu que empunhava um revólver. Sentia o forte cheiro de pólvora. Tentou raciocinar, por um instante parecia ter recobrado a lucidez e falou baixinho:

– Meu Deus! Eu matei meu filho...

O desespero tomou conta dele. Percebeu o que havia feito, mas não sabia porque e nem como.

O socorro chegou rapidamente na residência e os paramédicos começaram a realizar as primeiras manobras na tentativa de estabilizar o quadro de Cristóban. Rapidamente ele foi levado para a ambulância enquanto Rosa, ainda perturbada, deixou Henrique sozinho em seu escritório para avisar ao Dr. Roberto sobre a tragédia. Imediatamente o médico da família preparou-se para receber o jovem baleado.

Assim que desligou o telefone, Rosa ouviu um segundo estampido seco vindo do escritório. Correu o quanto pôde – considerando que o seu nervosismo a fazia esbarrar nos móveis e tapetes pelo caminho – caiu uma vez, e outra antes de chegar; assim que atravessou a grande porta viu uma mancha de sangue na parede, uma poça no chão e um corpo estendido. Henrique Fuentes acabara de tirar a própria vida: um disparo, nem mais um suspiro.

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