quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hora de Dizer Adeus

Ontem, quarta-feira, dia 16 de fevereiro de 2011, a Gaia (minha cachorra) partiu. Ela havia feito uma cirurgia para a retirada do baço na sexta-feira passada, e depois de cinco dias teve um AVE seguido de uma parada cardíaca.

Há algum tempo ela já não estava bem, mas ao invés de me lembrar da doença dela eu prefiro me lembrar de toda alegria que ela trouxe para a minha vida e da minha família, e também da maneira como ela me escolheu. Sim, foi ela que me escolheu!

Eu sempre gostei muito de contar essa história para as pessoas que a conheciam, agora vou partilhar com todos. É uma maneira de homenagear a passagem dela por esse mundo. Um amigo meu, que também é meu ex-professor, queria muito um cachorro; era uma ideia fixa dele ter um pastor alemão. Um dia ele me ligou dizendo que havia encontrado um anúncio de jornal onde se vendia filhotes de pastor alemão. Nem preciso dizer que ele ficou empolgadíssimo e quis, naquele mesmo dia, conferir o tal anúncio. Ele pediu que eu fosse junto porque não conhecia o bairro em questão, e eu fui... apenas para guia-lo.

Chegando ao endereço que foi passado a ele, encontramos uma mulher entre 35 e 40 anos, extremamente cansada, em uma casa enorme onde havia um casal de pastores adultos com três filhotes, e um rottweiler alucinado que parecia querer nos matar. A mulher, com semblante desgastado, praticamente implorou para que levássemos alguns filhotes, pois o rottweiler queria mata-los e, sozinho, batia nos dois pastores adultos. O meu amigo insistiu para que eu levasse um dos filhotes (eram dois machos e uma fêmea), mas eu estava relutante. Eu queria muito um cachorro, mas achava que aquele não era um momento adequado. Depois de tanto insistir, eu acabei cedendo e ele até pediu que eu escolhesse primeiro um dos filhotes. Sem saber qual levar, eu me abaixei no chão e comecei a chamar por qualquer um deles, para ver qual viria. A princípio nenhum deles pareceu se importar com a minha insistência. A Gaia era o filhote que estava mais longe de mim, de costas e apenas me olhando de soslaio. Um dos machos mais próximos se levantou e começou a vir na minha direção, mas de repente, como uma flecha e sem nenhuma explicação, a Gaia saiu de onde estava, jogou no chão o filhote que vinha em minha direção e pulou nos meus braços. Aquele momento foi o início de uma história de amor e carinho que durou pouco mais de oito anos e deixou lembranças maravilhosas.

Não havia quem não se encantasse com a Gaia, seu jeito brincalhão e seus truques. Uma cachorra tão tranquila e resignada que não reclamava mesmo quando sentia as piores dores (a minha irmã é veterinária e diz que até hoje não encontrou nenhum animal assim); e ela sentiu.

A Gaia iluminou as nossas vidas sem nunca pedir nada em troca, mas fizemos questão de trata-la como alguém da família e sempre cerca-la de cuidados. Ela partiu hoje, deixa saudades, mas estamos aliviados porque o seu sofrimento terminou.

Descanse em paz, filha. Todos nós a amamos e a manteremos para sempre em nossos corações!


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mães Anjos


     Mães são como anjos de asas tortas a quem Deus nos confia em Sua infinita misericórdia e sabedoria. Elas possuem asas tortas, porque se fossem perfeitas não mais estariam aqui e nem precisariam exercer a árdua tarefa de gerar, dar à luz e criar os seus rebentos... Mas será que são todas assim?
     Amar não é nada difícil para tais anjos que seguem à risca um refinado programa intrinsecamente gravado em seus corações. Essa, definitivamente, não é a parte difícil da tarefa. Difícil é praticar o desapego, seja ele da mãe que vê o filho partir do ninho ou o da mãe que precisa partir compulsoriamente; afastá-las de suas crias é como dilacerar as suas almas em tantas partes que não se pode mais juntá-las.
     Em verdade, só sabemos o quanto elas são importantes quando não mais estão por perto. Mesmo que em nossas mentes acreditemos qual o seu real valor, somente nos damos conta do quanto estas joias são raras no instante em que não mais as temos. São elas a fonte da centelha do Amor Divino do Pai por todos os Seus filhos.
     Acredito que algumas mães não sejam anjos de asas tortas, mas certamente daqueles mais perfeitos e iluminados a quem Deus chama mais cedo para recompor as Suas legiões celestes. Ainda que deixem alguns órfãos da sua presença e carinho, elas sempre ficam a olhar os seus filhos do alto dos céus, entusiasmadas pelos resultados primorosos do seu trabalho. E ao cair da noite – prestando-se a devida atenção – é possível senti-las acariciando os seus pequenos que ficaram, enquanto os embalam em uma canção de ninar e esperam que a seu turno seus filhos também sejam anjos.


Para Carolina e sua mãezinha...