Olhava então pela janela a chuva batendo contra o vidro, as gostas que se
espalhavam em progressão aritmética borrando a visão do exterior... Dentro de
casa, sentia-me só, um completo estranho a mim mesmo, e o marulhar da água
complementava o som do preguiçoso ventilador de teto sobre a minha cabeça.
Vivo só há algum tempo, eu e minhas coisas. Acreditava que isso sim seria liberdade, que seria o ideal viver desta forma, já que meu objetivo é me encontrar como pessoa, desenvolver meus dons espirituais, mas algo sempre incomoda, sempre essa sensação de vazio, de faltar algo. Lembro-me então de duas sábias lições que ouviu por esses dias: a primeira dizia que quanto mais perto do céu, mais a solidão se faz presente; a segunda dizia que a liberdade, na verdade, é uma aprisionadora.
Quer ser livre? Pague suas contas. Trabalhe arduamente tendo que engolir muitos sapos, pois o estilo de vida solitário depende disso. Pague o teto, a comida, o conforto, as roupas, as contas em geral. Para ser livre é preciso bancar. Para ser livre, é preciso estar preso a contas e mais contas, a compromissos etc. Não é esse um paradoxo?
Aprisiona-se para ter liberdade com o intuito de não se aborrecer com os outros? Talvez... Viver só tem vantagens e desvantagens, mas as desvantagens pesam demais sobre os ombros e sobre o ânimo. Bancar o preço material da liberdade não é difícil, o difícil mesmo é bancar o preço emocional por ela.
Não adianta negar. Por maior que seja o tempo em que se vive só é inerente ao ser humano procurar por companhia. No início é possível distrair-se de modo que a pessoa esquece que está só: filmes, livros, passeios, tudo ajuda por algum tempo, mas só por algum tempo, depois a necessidade de encontrar alguém com quem dividir os pensamentos, as alegrias, tristezas etc, torna-se premente. Apesar disso, não é uma busca fácil.
Diante de tanta superficialidade, encontrar alguém com afinidades reais, cujo respeito seja mútuo e que haja sempre compreensão é muito difícil (pra não dizer quase impossível). Porque quando se está com alguém devemos deixar de pensar no EU para pensar e agir no NÓS, mas sem perder a individualidade. Acredito que a maioria de nós não está preparada para essa tarefa tão difícil de suprimir o ego e partilhar o que temos, mas não quer dizer que não devemos tentar com sinceridade e vontade, pois aprender e crescer faz parte da vida. Por outro lado não se pode agir como um piloto kamikaze e se jogar de cabeça sem pensar no amanhã. O nosso coração deve ser tratado com cuidado, com paciência. Feridas na carne curam com relativa rapidez, pois nem precisamos pensar nelas para cicatrizar. Feridas emocionais demandam um esforço bem maior e levam muito mais tempo para curar; o estrago é bem maior.
Não deixar de viver por medo e nem se jogar como um suicida, mas usar a cabeça tanto quanto o coração. Talvez essa seja a medida.
Você já imaginou como seria triste se o homem tivesse desistido de voar na primeira queda? Então voe, só ou acompanhado, mas voe e tente, pois o céu pertence aos que se arriscam e essa sim é a verdadeira liberdade.
Vivo só há algum tempo, eu e minhas coisas. Acreditava que isso sim seria liberdade, que seria o ideal viver desta forma, já que meu objetivo é me encontrar como pessoa, desenvolver meus dons espirituais, mas algo sempre incomoda, sempre essa sensação de vazio, de faltar algo. Lembro-me então de duas sábias lições que ouviu por esses dias: a primeira dizia que quanto mais perto do céu, mais a solidão se faz presente; a segunda dizia que a liberdade, na verdade, é uma aprisionadora.
Quer ser livre? Pague suas contas. Trabalhe arduamente tendo que engolir muitos sapos, pois o estilo de vida solitário depende disso. Pague o teto, a comida, o conforto, as roupas, as contas em geral. Para ser livre é preciso bancar. Para ser livre, é preciso estar preso a contas e mais contas, a compromissos etc. Não é esse um paradoxo?
Aprisiona-se para ter liberdade com o intuito de não se aborrecer com os outros? Talvez... Viver só tem vantagens e desvantagens, mas as desvantagens pesam demais sobre os ombros e sobre o ânimo. Bancar o preço material da liberdade não é difícil, o difícil mesmo é bancar o preço emocional por ela.
Não adianta negar. Por maior que seja o tempo em que se vive só é inerente ao ser humano procurar por companhia. No início é possível distrair-se de modo que a pessoa esquece que está só: filmes, livros, passeios, tudo ajuda por algum tempo, mas só por algum tempo, depois a necessidade de encontrar alguém com quem dividir os pensamentos, as alegrias, tristezas etc, torna-se premente. Apesar disso, não é uma busca fácil.
Diante de tanta superficialidade, encontrar alguém com afinidades reais, cujo respeito seja mútuo e que haja sempre compreensão é muito difícil (pra não dizer quase impossível). Porque quando se está com alguém devemos deixar de pensar no EU para pensar e agir no NÓS, mas sem perder a individualidade. Acredito que a maioria de nós não está preparada para essa tarefa tão difícil de suprimir o ego e partilhar o que temos, mas não quer dizer que não devemos tentar com sinceridade e vontade, pois aprender e crescer faz parte da vida. Por outro lado não se pode agir como um piloto kamikaze e se jogar de cabeça sem pensar no amanhã. O nosso coração deve ser tratado com cuidado, com paciência. Feridas na carne curam com relativa rapidez, pois nem precisamos pensar nelas para cicatrizar. Feridas emocionais demandam um esforço bem maior e levam muito mais tempo para curar; o estrago é bem maior.
Não deixar de viver por medo e nem se jogar como um suicida, mas usar a cabeça tanto quanto o coração. Talvez essa seja a medida.
Você já imaginou como seria triste se o homem tivesse desistido de voar na primeira queda? Então voe, só ou acompanhado, mas voe e tente, pois o céu pertence aos que se arriscam e essa sim é a verdadeira liberdade.