De que vale um sorriso
Se na boca morta se emoldura,
Com a frieza entre dentes bem polidos,
Alvos e tolhidos da verdade crua?
De que valem esses olhos
Se o nada eles transmitem,
Se são janelas fechadas de uma alma
Que no seu corpo não reside?
De que valem esses gestos delicados
Se o coração abrutalhado se tornou,
Se a educação é uma casca de retalhos
E o passado, os sentimentos entulhou?
De que vale viver essa vida sem vida,
Essa partida sem hora,
A saudade sem chegada?
De que vale viver uma vida esquecida,
A solidão que imola,
O futuro sem morada?
De que vale viver sem viver?