quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

De Que Vale...

De que vale um sorriso
Se na boca morta se emoldura,
Com a frieza entre dentes bem polidos,
Alvos e tolhidos da verdade crua?

De que valem esses olhos

Se o nada eles transmitem,
Se são janelas fechadas de uma alma
Que no seu corpo não reside?

De que valem esses gestos delicados
Se o coração abrutalhado se tornou,
Se a educação é uma casca de retalhos
E o passado, os sentimentos entulhou?

De que vale viver essa vida sem vida,
Essa partida sem hora,
A saudade sem chegada?

De que vale viver uma vida esquecida,
A solidão que imola,
O futuro sem morada?

De que vale viver sem viver?